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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

arcadismo

Arcadismo

O Arcadismo, Setecentismo (anos 1700) ou Neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do séc. XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa.

No início mostrava o barroquismo literário em plena decadência.

Uma literatura empolada, de louvação e encômios, em linguagens exageradamente metafórica, arrevesa e sentenciosa, praticada à sombra das academias. Mas, com declínio da aristocracia e com ascensão da burguesia, sente-se a tendência para uma renovação do gosto literário e do credo estético, com o esgotamento da literatura cortês do barroco. Desenvolve-se uma reação contra o barroquismo do seiscentos, expressa num amplo movimento de restauração classicizante, em que o espírito clássico ressurge sob a forma de neoclassicismo.
O Arcadismo

No séc. XVIII, as formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-reforma, nega-se a educação jesuíta praticadas nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura que surge para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e contraditória é o Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da razão.

Dentre as variedades do neoclassicismo, figurou o movimento arcádico. No final do séc. XVII, fixou residência em Roma a jovem ex-rainha Cristina da Suécia, que renunciara ao trono e ao luteranismo, convertendo-se ao catolicismo. Inteligente e culta, desde a Suécia habituara-se a cercar-se de sábios e artistas, para discussão e leitura de trabalhos literários. Em Roma, atraiu para essas reuniões a fina flor da inteligência local, formando um cenáculo intelectual que, após sua morte, se transformaria na Arcádia (1690). Nasceu , assim, com regulamentos e programas, a nova academia, composta de 16 membros. Tinha o objetivo de reconduzir à fonte da natureza, à simplicidade de sentimento e de estilo, a poesia e, em geral, a literatura, que, na opinião dos seus componentes, estavam desviadas pelos cattivo gusto, herança do seiscentismo. O nome de Arcádia era dado na Grécia antiga à região do Peloponeso, morada do deus Pan, e onde a tradição imaginava residirem todos os pastores com seus míticos e plácidos costumes, em contato com a natureza, onde residiam a beleza, pureza e espiritualidade. Procuravam adoçar a dureza do viver mercê de uma disposição para o canto e a dança, as canções de amor e as pugnas poéticas, caracterizadas pela espontaneidade e simplicidade. Segundo Toffanin, era a pátria da antiga poesia pastoral. Por isso, o nome foi transferido para a academia italiana, acrescentando-se ainda a particular ressonância obtida pelo romance pastoral de Jacopo Sannazareo (1458-1530), intitulado Arcádia (1504). Os membros da nova Arcádia chamavam-se “pastores”, cada um adotando um nome pastoril, grego ou latino, sendo o presidente eleito e designado “guardião geral”.

As reuniões eram realizadas em parques e jardins. No combate ao estilo empolado do Barroco decadente, com sua retórica artificial e suas sutilezas conceptistas, visava o arcadismo ou movimento arcádico retornar à simplicidade, equilíbrio, naturalidade e clareza dos modelos clássicos, restabelecendo a poética antiga, a forma clássica, o buono stile, a naturalezza Del dire, na linha da liberdade e simplicidade anacreôntica e pindárica, ou de conformidade com o petrarquismo quinhentista, cantando o amor, a natureza, a vida simples e bucólica. Do ponto de vista formal, a simples e idílica alma lírica setecentista encontrou no verso solto, nas odes e elegias o instrumento ideal. Criou assim um novo estilo individual e de época, englobando-se no rococó literário.

Além do seu caráter democrático, a Arcádia teve uma tendência supernacional. O movimento de reforma literária e lingüística irradiou-se em filiais pelos diversos reinos e cidades da Itália e em numerosos países estrangeiros, que se denominaram “colônias”.

Da Itália, o movimento arcádico passou a Portugal e ao Brasil. Empenhando que estava Portugal, no séc. XVIII, numa reação anti-castelhana, inclusive como reação paralela a restauração da independência, o movimento arcádico encontrou boa acolhida. As academias do século anterior foram-se transformando em corporações, do tipo ora arcádico, ora científico. De qualquer modo, no sentido da tradição clássica e também abrindo-se à influência francesa, que invadia o século.

Em Portugal, o arcadismo instalou-se com a Arcádia Lusitana (1756-1774), reunindo escritores de renome: Antônio Dinis da Cruz e Silva, Gomes de Carvalho, Manoel de Figueiredo, Cândido Lusitano, Domingos dos Reis Quita, Correia Garção, José Caetano de Mesquita. Houve, ainda, a nova Arcádia, no final do século XVIII, de que foram membros Bocage e José Agostinho de Macedo.

Com o arcadismo desenvolve-se no Brasil a primeira produção literária adaptada à realidade nacional. As obras começam a se afastar dos modelos portugueses ao descrever as paisagens locais e criticar a situação política do país.

Surgem vários poetas em Vila Rica, atual Ouro Preto (MG) – capital cultural e centro de riqueza na época –, grande parte deles ligada à Inconfidência Mineira. Os árcades constituem a primeira geração de escritores brasileiros.

A transição do barroco para o arcadismo no país dá-se em 1768, com a publicação do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Entre os árcades destacam-se, ainda, Tomás Antônio

Gonzaga, autor de Marília de Dirceu; Basílio da Gama (1741-1795), de O Uraguai; e Silva Alvarenga (1749-1814), de Glaura. Apesar do engajamento pessoal, a produção desses autores não está a
serviço da política.
Características

Urbem (fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades fugere defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distantes dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompem os costumes do homens, que nasce naturalmente bom.

Aurea mediocritas (vida medíocre materialmente mas rica em realizações espirituais): outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e infeliz na cidade.

Ideas iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o absolutismo. Embora não sejam a preocupação central da maioria dos poetas árcades.

Idéias de liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em apens alguns textos da época.

Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais;não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa seu amor pr uma pastora e a convida para aproveitar a vida juntos à natureza.

Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos, levando o poeta a racionaliza.

Ou seja, o que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. Além disso mantém-se o distanciamento entre os amantes, que já se verifica na poesia clássica.
Conclusão

O Arcadismo em si, era formado por ideais renascentistas, da Antigüidade Clássica, pois o Barroco já havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade.

Por emitir também princípios ideológicos iluministas, o arcadismo fez com que a burguesia crescesse e tomasse o poder sobre a nobreza.

Esse período foi marcado pela visão científica e pelo racionalismo, porque defendia uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e espontânea, que se supõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do Barroco.

Tal gênero predominou até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

Arcadismo no Brasil

Tiradentes - Inconfidência Mineira: influenciadora dos ideais árcades brasileiros

O Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a publicação do livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa.

Nesse período Portugal explorava suas colônias a fim de conseguir suprir seu déficit econômico. A economia brasileira estava voltada para a era do ouro, da mineração e, portanto, ao estado de Minas Gerais, campo de extração contínua de minérios. No entanto, os minérios começaram a ficar escassos e os impostos cobrados por Portugal aos colonos ficaram exorbitantes.

Surgiu, então, a necessidade do Brasil de buscar uma forma de se desvincular do seu explorador. Logo, os ideais revolucionários começaram a se desenvolver no Brasil, sob influências das Revoluções Industrial e Francesa, ocorridas na Europa, bem como do exemplo da independência das 13 colônias inglesas.

Enquanto na Europa surgia o trabalho assalariado, o Brasil ainda vivia o tempo de escravidão. Há um processo de revoltas no Brasil, contudo, a mais eloqüente durante o período árcade é a Inconfidência Mineira, movimento que teve envolvimentos dos escritores árcades, como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa, além do dentista prático Tiradentes.

Como a tendência é do eixo cultural seguir o econômico, os escritores árcades são, na maioria, mineiros e algumas de suas produções literárias são voltadas ao ambiente das cidades históricas mineiras, principalmente Vila Rica.

O Arcadismo tem como características: a busca por uma vida simples, pastoril, a valorização da natureza e do viver o presente (pensamentos causados por inspiração a frases de Horácio “fugere urbem” – fugir da cidade e “carpe diem”- aproveite o dia).

Os principais autores árcades são: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Basílio da Gama, Silva Alvarenga e Frei José de Santa Rita Durão.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A poesia trovadoresca galego-portuguesa

A-. Perspectiva geral da poesia trovadoresca galego-portuguesa

A poesia trovadoresca em língua portuguesa (chamada comummente «Poesia trovadoresca galego-portuguesa») estende-se num período que vai aproximadamente desde 1200 até 1350. Abrange portanto uns 150 anos, que correspondem aos inícios da história literária da nossa língua. Compreende um total de aproximadamente 2100 composições, das quais umas 1680 são de carácter profano e 420 de carácter religioso. Foram compostas por uns 160 autores.

Costuma distribuir-se a nossa poesia trovadoresca em dois grandes blocos: por uma parte, as cantigas profanas (amorosas e satíricas fundamentalmente), e, por outra, as cantigas religiosas (constituídas fundamentalmente pelas Cantigas de Santa Maria, mormente mariológicas).

1) As cantigas profanas: géneros

Como dizíamos, é de aproximadamente 1680 o número total de cantigas profanas.

Esse rico corpus poético aparece distribuído fundamentalmente em três grandes géneros: «cantigas de amor», «cantigas de amigo», e as composições satíricas ou «cantigas de escárnio e maldizer».

1). Cantigas de amor. Aparecem postas em boca do homem namorado, que se dirige à sua amada (à qual chama habitualmente "[mià] senhor") ou fala dela. Em grande medida desenvolvem conceitos e técnicas poéticas tomadas da poesia trovadoresca provençal.

2). Cantigas de amigo. São poemas de mulher, postos normalmente em boca da rapariga namorada, que se dirige ao seu amigo ou fala dele. Constituem a parte mais original e de maior enlevo do trovadorismo de língua portuguesa.

3). Cantigas de escárnio. São burlas versificadas, dirigidas a pessoas individuais ou a grupos sociais sobre assuntos diversos (literários, profissionais, sexuais, económicos, políticos...).

Ademais destes três grandes géneros, podem distinguir-se –às vezes até integrados neles– outros, conhecidos habitualmente como «géneros menores», por ser reduzido o número de composições que os constituem: tenção, pastorela, pranto...

2) As cantigas religiosas: as Cantigas de Santa Maria (= CSM)

As cantigas trovadorescas religiosas são conhecidas com o título genérico de Cantigas de Santa Maria. Esta denominação pode considerar-se exacta, visto que, embora num total de 420 composições exista um pequeno grupo de 5 que não são de tema mariológico mas cristológico, o conjunto nasceu e está organizado como um florilégio de cantigas em honor da Virgem Maria, de modo que os 5 poemas cristológicos possuem mais bem carácter de apêndice ou de excurso.

As Cantigas de Santa Maria (abreviadamente CSM) foram elaboradas na corte do rei Afonso x de Castela (1221-1284; rei entre 1252 e 1284).

Como modalidades de género dentro do conjunto das CSM, há duas fundamentais: cantigas de louvor (loor na denominação medieval) e cantigas de milagres. As cantigas de louvor são poemas de índole lírica, que louvam diversos aspectos da figura da Virgem Maria; destacam pela sua variedade formal, e, dentro da colecção das CSM, aparecem colocadas intencionalmente nos números correspondentes às decenas (10, 20, 30, etc.). As cantigas de milagres são de índole narrativa: contam milagres realizados pela Virgem; muitas vezes esses relatos procedem de fontes narrativas anteriores (mormente latino-medievais).

A essas 420 composições das CSM podemos acrescentar outras duas, igualmente mariológicas, que nos foram transmitidas fora dos 4 códices das CSM: a primeira delas aparece incluída no cancioneiro B da poesia profana, sob a autoria do mesmo rei Afonso x, e a segunda conservou-se anónima num códice monacal latino de temática teológica e vem sendo atribuída conjecturalmente ao rei Fernando iii de Castela (1201-1252; rei de Castela desde 1217, e de Leão desde 1230), pai de Afonso x.

Em total, portanto, são 422 as composições trovadorescas em língua portuguesa que constituem o bloco de cantigas religiosas.

Um problema já clássico na investigação sobre Afonso X é o do papel do rei na elaboração das suas obras literárias em geral, e, nomeadamente, das poesias em língua portuguesa, e, com mais forte dúvida ainda, numa colectânea de tão amplas dimensões como são as CSM. Detenhamo-nos um momento em formular algumas indicações sobre este tema.

Parece lógico atribuir a maior parte do trabalho de redacção, pelo menos no seu aspecto mais directamente linguístico, aos trovadores de fala portuguesa presentes na sua corte, entre os quais, segundo podemos supor, deviam de ser especialmente numerosos os galegos, por ser o território da Galiza um "reino" englobado nos seus domínios, mas está bem documentada igualmente a presença dalguns trovadores do reino de Portugal.

3) Características formais gerais da poesia trovadoresca

Desde o ponto de vista formal, as unidades fundamentais que constituem as composições trovadorescas são o verso e a estrofe.

O verso. Por sua vez, os elementos fundamentais constitutivos do verso na poesia trovadoresca são dois: a medida silábica e a rima.

1) A medida silábica. A respeito da medida silábica, o princípio fundamental é a regularidade estrófica: pode haver dentro de uma mesma estrofe versos de diferentes medidas, mas aplica-se o mesmo esquema métrico a todas as estrofes que constituem a cantiga (excepto nos «descordos», um tipo de cantigas que por definição apresenta uma constituição estrófica irregular ou "discordante").

Versos graves e agudos (por exemplo, de 7' e 7; de 8' e 8; de 9' e 9; etc.) podem combinar-se livremente numa mesma composição, considerando-se normalmente isométricos. A este respeito uma situação peculiar –que no entanto não deve considerar-se propriamente excepção à regularidade métrica– é a chamada «lei de Mussafia», segundo a qual um verso grave torna-se equivalente do verso agudo que possui uma sílaba (métrica) mais (7' = 8; 8' = 9; 9' = 10; etc.).

2) A rima. A rima pode ser oxítona (aguda) ou paroxítona (grave). Predomina a rima consoante, embora apareçam também um certo número de casos de rima assoante, quase exclusivamente nas cantigas de amigo e nas satíricas.

A estrofe. O número de estrofes que possuem as diferentes cantigas do corpus trovadoresco é variável. São bastantes as cantigas que se apresentam nos manuscritos como monostróficas; de algumas podemos suspeitar se no curso da transmissão textual se terão perdido outras estrofes, mas de várias cantigas monostróficas parece mais provável que tenham sido compostas assim intencionadamente pelos próprios autores. No entanto, a grande maioria das cantigas são polistróficas: possuem pelo menos duas estrofes completas; e é neste tipo de composições onde podemos observar o funcionamento da estrofe como unidade de composição poética.

O primeiro que devemos notar é que, também a respeito das estrofes, a característica basilar da nossa poesia trovadoresca é a regularidade: o normal é que em todas as estrofes de uma cantiga se mantenha não só o mesmo esquema métrico mas também a mesma fórmula rimática (exceptuando também aqui os descordos).

Cumpre notar ainda duas particularidades estróficas das cantigas polistróficas: o refrão e a finda.

O refrão. As estrofes de uma cantiga podem apresentar um ou vários versos completos que se repetem em todas elas na mesma posição: é o «refrão». Segundo possuam ou não refrão, as cantigas denominam-se «cantigas de refrão» ou «cantigas de mestria».

O refrão pode estar constituído por um único verso («refrão monóstico»), por dois («refrão dístico»), por três («refrão trístico»), por quatro («refrão tetrástico»), raramente por cinco («refrão pentástico») ou mesmo por um número de versos superior a 5.

Normalmente o refrão está constituído por um bloco textual único (formado, como fica explicado, por um ou por vários versos), que ocupa a parte conclusiva de cada estrofe. Por vezes, porém, o refrão está formado por dois ou mais blocos textuais, porquanto algum dos seus versos aparece intercalado no interior do texto variável das estrofes (isto é, seguido de algum verso distinto em cada estrofe); este tipo de refrão recebe o nome de «refrão intercalar».

Nalguns casos o refrão final de estrofe aparece ademais como início da cantiga. Este facto é raro nas cantigas profanas, mas habitual nas CSM.

Dado que o elemento constitutivo do refrão é a reiteração polistrófica, não tem sentido falar de refrão naquelas composições que, na sua constituição original, não alcançam a extensão de, pelo menos, duas estrofes substancialmente completas.

A finda. Caso especial de estrofe é a «finda»: é uma conclusão da cantiga, uma espécie de estrofe final (por vezes múltipla), mas normalmente de configuração mais breve que as estrofes normais e, em qualquer caso, com esquema métrico-rimático distinto –embora de regra dependente– delas.

Trovadorismo - sua pesquisa

Trovadorismo
Origem do trovadorismo, os trovadores, literatura medieval, literatura portuguesa, história da Idade Média, cantigas de amor, cantigas de amigo, de escárnio e maldizer, cancioneiros, livros, canções, música, uso de instrumentos musicais

trovadorismo
Iluminura medieval: trovador


Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, em plena Idade Média, período em que Portugal estava no processo de formação nacional.

Marco inicial

O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.

Trovadores

Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.

No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em: Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).

Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.

Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).

Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.

terça-feira, 30 de março de 2010

Quando eu era criança não entendia muito bem a
Páscoa. Só adorava procurar os ovinhos de
chocolate que o coelhinho escondia. Mas, o que
tem a ver coelho com ovos, seus símbolos, com a
ressurreição de Jesus ou a fuga dos hebreus do
Egito comandada por Moisés? Agora sei qual a
relação de tudo isto. Os ovos são o símbolo do
nascimento. Ali dentro, uma vida por vir ao mundo.
É o eterno milagre da vida que renasce todos os
dias. O coelho é o animal que se reproduz com uma
velocidade estonteante, é uma ode à família, uma
declaração de amor que a natureza faz todos dias.
Renascer é nascer, somos nós mesmos que
renascemos nos nossos filhos, é a vida que se
pereniza na prole. A fuga dos hebreus é o fim da
escravidão de uma povo. A escravidão equivale à
morte, escravizar equivale a tirar a vontade e a
alma de alguém, equivale a tirar sua vida. Se
libertar da escravidão é viver de novo, é
renascer, é estar sempre começando tudo de novo.
Por fim, Jesus é a ressurreição. Quer prova mais
clara do que digo? Este eterno milagre que nos
encanta é o milagre da vida que a Páscoa nos
relembra. A Páscoa é a ressurreição das nossas
almas. Este é o dia de renascer, começar tudo de
novo. De nos libertamos do mal que corrompeu
nossas almas e nos recobrirmos com o véu da pureza
da alma que tivemos um dia. Abandonar tudo o que é
velho e antigo e olhar pra frente com coragem. Nos
dedicarmos à vida como quem sorve o sumo de um fruto
saboroso. Hoje é dia de renascer.



"Benno Assmann"

As lebres, animais tímidos por natureza, sentiam-se oprimidas com tanto acanhamento. Como viviam, na maior parte do tempo, com medo de tudo e de todos, frustradas e cansadas, resolveram dar um fim às suas angústias.
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Então, de comum acordo, decidiram por fim às suas vidas. Concluiram que assim resolveriam todos os seus problemas. Combinaram então que se jogariam do alto de um penhasco, para as escuras e profundas águas de um lago.
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Assim, quando correm para o abismo, várias Rãs que descansavam ocultas pela grama à beira do mesmo, tomadas de pavor ante o ruído de suas pisadas, desesperadas, pulam na água, em busca de proteção.
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Ao ver o pavor que sentiam as Rãs em fuga, uma das Lebres diz às companheiras:
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Não mais devemos fazer isso que combinamos minhas amigas! Sabemos agora, que existem criaturas mais medrosas que nós.
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Autor: Esopo

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Moral da História: Julgar que nossos problemas são os mais importantes do mundo, não passa de ilusão.